sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Manuscrito de um sacristão

Por: Germana M. da S. Coelho  RA: 154070 

Esse conto, de Machado de Assis, apresenta as seguintes personagens: o sacristão, o padre Teófilo e Eulália.
         O sacristão, além de ser uma personagem, é também o narrador da história. É ele quem apresenta todos os outros personagens ao leitor: suas características físicas e psicológicas e também narra todos os acontecimentos. Ele se apresenta como um ex-seminarista e conhecedor dos assuntos eclesiásticos. Não se tornou padre devido a uma paixão violenta que, segundo suas palavras, “o levou à miséria”.
        Graças à sua simpatia pela religião, decidiu ganhar a vida como sacristão aos trinta anos. Foi colega de seminário do padre Teófilo e se auto definia como um “filósofo sacristão”. 
         O Padre Teófilo pertencia à uma família cuja tradição era a de que, a cada geração, um dos homens fosse padre e, por isso, ele também tinha um tio mais velho que era cônego. Ele era primo de Eulália, mas os dois não se viam desde a infância, quando a família dela mudou-se da cidade de Vassouras, onde nasceram, e foi para a Corte. O sacerdote era um bom padre, segundo seu “amigo” sacristão, porém, toda a sua devoção encontrava uma barreira na dificuldade com a retórica.
        Eulália estava com trinta e oito anos no momento em que a narrativa acontece e ainda era muito bonita. Durante toda a sua vida, rejeitou vários casamentos. No começo, sua mãe achou isso normal, mas depois estranhou o fato de sua filha não se interessar por ninguém.  A mãe da jovem se preocupava porque temia morrer e deixar a filha só. Eulália não explicava o motivo de recusar tantos pretendentes e sua mãe dizia-lhe que esperar uma grande paixão seria arriscar-se demais.
        Depois de muitos anos, os primos se reencontraram no dia em que Eulália mandou celebrar um missa por ocasião da data de um ano de falecimento de sua mãe. Esse encontro foi muito marcante para os dois, pois despertou muitos sentimentos guardados em suas almas. Eles se sentiram vivendo um conflito com as suas respectivas realidades. O padre havia gastado a sua mocidade divulgando concepções religiosas em que acreditava, mas que não conseguia transmitir aos outros. Além disso, seus amigos de seminário ascendiam em suas carreiras eclesiásticas e ele não. Quanto à Eulália, passou sua vida procurando ou, melhor dizendo, esperando uma grande paixão que não chegou.
        O Padre iniciou visitas freqüentes à casa da prima, sempre acompanhando pelo sacristão que se aproveitava da situação para comer bem lá.
        Certo dia, os primos que se amavam recuaram em seus desejos, tomados pelo medo que os envolvia. O padre voltou para a roça onde morara por muitos anos e Eulália, após achar o marido de seus sonhos, percebeu que a vida que sonhara era impossível.
        O sacristão continuou visitando a moça e se alimentando de seus quitutes.
        Machado de Assis aproveita-se de sua personagem, o sacristão, que participa da história como narrador (visão de dentro) para traçar um perfil psicológico do comportamento de suas personagens, reproduzindo as características do Realismo Brasileiro.

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